Parei de ficar só pensando e começei a escrever.

Estou seguindo conselhos, principalmente os meus mesmos.

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Local: Recife, Pernambuco, Brazil

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20.6.06

Acontece cada uma...

A situação era caótica. Perplexa, olhei para cima com jeito desamparado. Que situação! Angustiada pensei que aquele momento deveria ser de silêncio total. Bastava um mínimo de atenção para sentir o constrangimento no ar. Gostaria que ninguém se estendesse em palavras; o olhar já estava mais do que suficiente para que eu me sentisse pequenininha. Estava sendo um momento compartilhado por muitos, todos atônitos, o que deveria ser reconfortante, mas não era. Ao mesmo tempo em que eu queria levantar, meu corpo estava paralisado, me sentia apertada, suja, meu suor (de nervoso) exalava um cheiro estranho, como se a podridão do mundo estivesse impregnada na minha roupa. Aí o que eu mais temia aconteceu; lá no fundo escutei uma risada abafada. Não tinha mais o que fazer, não tinha outro jeito; joguei fora a vergonha, desabei na gargalhada e pedi para me ajudarem, pois estava entalada num latão de lixo, no meio da rua.

17.6.06

Caso sério

A tal da TPM é um caso sério. Acho que todas as mulheres falam isso. É um assunto super abordado, mas que, no meu ponto de vista, não tem como cair na repetição, por mais que seja falado, discutido, estudado.É uma experiência nova a cada mês, sempre uma surpresa. Eu, pelo menos, nunca sei o que vai acontecer comigo quando ela está para chegar. Nos consome uma média de 120 dias dos poucos 365 dias do ano. Tento explicar como ocorre a mudança (pelo menos comigo) e não consigo. Simplesmente sinto que tudo mudou. Para pior, é claro! Quando acordo o olho já abre torto, quando ele quer abrir. Primeiro sinal de que ela está chegando. Deste segundo em diante, a probabilidade do mundo ficar torto pelos próximos 10 dias é de 100%. Acho que o pior de todos os sintomas é o mau humor, principalmente para quem não pode ficar de mau humor por conta do trabalho, como eu. O sorriso acaba saindo, mas o olhar deve ser de sair correndo. Lembro uma vez que estava num dia destes. Saí do trabalho num dia frio, chuva fina gelada, 2 ônibus, todas as janelas fechadas, uma suvaqueira de arder no nariz, trânsito básico das 7 da noite de São Paulo, sabendo que quando chegasse em casa ainda teria que fazer o almoço do dia seguinte para minhas filhas (que provavelmente teriam preguiça de esquentá-lo e comeriam sanduíche), que provavelmente não estariam em casa, provavelmente não teriam lavado a louça do almoço, provavelmente não teriam colocado os gatos para dentro de casa, provavelmente não teriam arrumado a sala, e muitos provavelmentes por aí a fora. É verdade, a TPM nos faz um tanto quanto pessimistas, ou ficamos mais realistas, menos tolerantes?
Finalmente cheguei em casa, molhada, vale dizer. Entrei em casa. As probabilidades começaram a tornar-se reais. As meninas não estavam. Entrei bem devagarzinho na cozinha, achando que desta vez eu poderia estar errada. Não só não tinham lavado a louça como a pia estava entupida, água quase transbordando e, pelo aspecto, toda a louça da casa suja. Foi subindo uma quentura, mas uma quentura... Atirei panela, bati na água com a palma da mão, emporcalhei mais ainda a cozinha, me molhei inteira.... Expirei, inspirei... expirei, inspirei, contei até 2045 e começei a tomar atitudes. Bom, entre mortos e feridos, apenas uma panela amassada. Pois é, é assim mesmo, ficamos a um passo da insanidade. Depois passa, e a vida volta ao normal como se absolutamente nada tivesse acontecido. E ainda nos passa pela cabeça que todos têm que entender. Hoje existem vários tratamentos para a TPM, várias estratégias para dribá-la. Tento todas; consigo controlá-la. E agora que estou mais controlada, há poucos dias leio na internet que inventaram a SPM – Síndrome Pós Menstrual!!!!

14.6.06

O Galo

Depois de anos seguidos de convites e recusas, resolvi conhecer o Galo da Madrugada in loco. Para quem não conhece (o que acho quase impossível) é o maior bloco carnavalesco que se tem conhecimento. Estava numa fase super feliz, de bem com o mundo e com todos. Isso é um aspecto importante para quem se dispõe a tal experiência. Minha filha, Bi, ia e insistiu para que eu fosse com ela. Confesso que fui também com um espírito protetor. Compramos ingresso de um dos camarotes, perucas coloridas, camiseta de alçinha, bermuda e chinelos. A calor prometia ser brutal. Saímos às 7h da manhã, de ônibus. Impossível chegar lá de carro. Quando chegamos no camarote vimos que era o primeiro da rua de trás da passarela do galo. Enfim, era o que ela tinha conseguido comprar. Frustradas, fomos dar uma volta, pois ainda era muito cedo. O Galo começava só às 9h. Passamos por um dos camarotes mais badalados, deu cinco minutos na Bi e ela me disse: Mãe vamos vender esses ingressos e comprar deste camarote com os cambistas. Bichinha determinada essa. Para resumir tanto vai e vem, ela venceu os dois lados pela persistência. Encheu tanto o saco que conseguiu vender e comprar os novos pela metade do preço, perto da hora de começar. Os fogos estouraram, corremos para dentro do camarote que, na verdade, era um terreno grande com uma pequena tenda armada no meio e um palco para as bandas convidadas que iriam tocar nos intervalos dos trios. Comecei a ficar desconfortável às 11h da manhã. A quantidade de pessoas era assustadora, o barulho do palco tocando concomitantemente com os trios elétricos (intervalos teóricos) estavam me deixando meio tonta, surda, desarvorada. Não conseguia definir que música tocava num e noutro. Como eu estava de bem com o mundo e com todos, resolvi tentar aproveitar. Ensaiei vários passos. Era impossível manter um ritmo: uma música em cada ouvido, estávamos enlatadas, não dava para ver nossos pés de tanta gente em tão pouco espaço, e olhe que o terreno era grande! Que fosse fora do ritmo mesmo, então. Começou a me dar claustrofobia. Saí de baixo da tenda e fui para céu aberto. Sol a pino. Vou ter uma insolação, pensei. Estava começando a me desesperar. Sem opção de saída, me esforcei. Olhei para os lados, para a rua, pensando numa saída. Naquele momento, não existia. E o Galo? Não ia passar? Já eram quase 3 da tarde e eu não tinha visto nada daquilo que ouvi durante anos. Totalmente fora de mim, disse a minha filha que ia embora, não agüentava mais, que o Galo fosse para aquele lugar. Paciência. Como sem ver o Galo mãe? Ele já passou faz uma data! EU NÃO TINHA VISTO O GALO? Indescritível o que senti naquele momento. Depois de tudo quanto passei não tinha visto o Galo? Meu estado de ânimo não melhorou nadinha quando lembrei o quanto teríamos que andar para poder tomar um ônibus de volta para casa, uns dois quilômetros mais ou menos, considerando que estava em pé desde as 8 da manhã (não tinha onde sentar no camarote, a imundice no chão era nojenta). Eu delirava em cima dos meus mais intensos desejos: um banho bem gostoso, uma roupa limpinha, cheirosinha, já podia sentir o cheiro do meu travesseiro de ervas... Já estava começando a ficar de mal do mundo e de todos. Consegui chegar em casa as 6 e meia da noite, exausta, dolorida, mal humorada, fedendo todos os suores possíveis e imagináveis, escandalosamente irritada depois de quase 2h num ônibus lotado, todo mundo imundo e cheirando nhaca. Fui tomar aquele banho, colocar aquela roupa limpa e não pude dormir. Fui cantar parabéns para meu neto que fazia um ano naquele dia. Galo da Madrugada? Tenho que responder?

13.6.06

Verde e amarelo

Finalmente o grande dia chegou. Força total nos pensamentos pintados de verde e amarelo, camisetas, bandeiras, bonés, brincos, pulseiras, colares, chinelos... uma overdose de verde e amarelo.Dizem que mulher não entende de futebol. Particularmente acho que nos dias de hoje o homem abrir a boca para falar isso é burrice, haja vista tantos exemplos femininos ligados ao futebol, falando, comentando, jogando, analisando o esporte com tanta propriedade. Mas se isso faz bem a vocês homens, podem falar a vontade. O importante é o que sabemos, não temos nada para provar a ninguém. Só isso. É obvio que juntamos o útil ao agradável. Técnica e beleza. Por que não? Sabemos que a recíproca é verdadeira. Não carrego a bandeira de boa entendedora, não fico batendo boca sobre futebol. Apenas gosto, curto futebol, e não só em época de copa. Homens e mulheres, o coração bate do mesmo jeito, com a mesma força. Não existem times diferentes. Torcemos pelos mesmos jogadores, vestimos a mesma camisa. Vamos às cornetas, aos apitos, aos gritos, vamos todos numa boa, tomando uma boa com a turma dos B.O.A. Vamos fazer com que a força da nossa emoção chegue a seleção.

9.6.06

Vamos às chuteiras

Muitas vezes estive a ponto de chutar o pau da barraca. Tive que respirar profundamente e pensar seriamente até onde eu poderia me arrepender, ou até onde iriam as conseqüências do meu chute. Na maioria das vezes eu apostei e continuo apostando no chute. Posso me afogar em lágrimas depois, o que não é muito difícil, mas não sei ser pela metade. É verdade, sou impulsiva, porém verdadeira. Acho tão complicado entender os meio-termos... Uma das vezes em que quis chutar, e chutei, foi quando trabalhava para o Governo, nos idos de 80. Eu queria muito mais do que estava vivendo e eu tinha que ser radical. Se eu ficasse pesando os prós e contras eu poderia perder alguma oportunidade ou mesmo não tomar decisão nenhuma. Pedi licença e abri bem meus olhos. Consegui durante quatro anos, as oportunidades apareceram, depois, para não ser demitida, tive que voltar para o governo. Foram quatro anos que fiz de tudo um pouco. Não sou de dizer: não sei fazer. Não consegui ficar muito mais tempo no governo novamente. Lembram do Café Paris? Chutei o pau da barraca de novo, fiz minha trouxa e fui embora para São Paulo, mudando minha vida radicalmente em 20 dias. Afinal de contas tinha uma missão pra lá de importante. O que faz com que eu me sinta compelida a mudanças de uma maneira não muito ortodoxa? Acho muito difícil explicar um sentimento; é algo muito abstrato. Um amigo já tentou me passar como ele sente o lado abstrato e eu tentei entender. A única coisa que entendo verdadeiramente é que quero tornar o meu abstrato no meu real. E luto por isso, pois como já disse, quero escrever a história da minha vida de maneira intensa, inesquecível. Sinto que quero chutar o pau da barraca quando começo a sentir ansiedade, quando começo a sentir que quero algo estrondoso acontecendo na minha vida. Não vim para reclamar da vida, acho que é por isso que quero tanto conhecer, mudar, inovar, sentir, experimentar. Às vezes eu chuto o pau e esqueço de chutar estando do lado de fora da própria. Acho que estas cabeçadas fazem parte da vida e são elas que nos levam a ter lembranças, independente de serem boas ou más. E se pensarmos um pouquinho até das más a gente acaba dando risada depois de um tempo. É isso. Preparem as chuteiras... estamos em época de Copa... vamos chutar pra valer.

Comentários

Quero deixar registrado aqui um protesto. Existe um espaço no blog para comentários. Tenho recebido vários comentários no meu e-mail e no meu orkut e raríssimos no próprio blog. Não estou achando ruim, estou adorando, porém QUERO COMENTÁRIOS NO BLOG. Pode ser? Pode? Pode? Pode? Deixem seus constrangimentos de lado. Que sejam comentários bons, ruins, críticos... não interessa. Preciso de comentários. Estou deixando de lado todos os meus receios, toda a minha timidez, toda minha vergonha, e me expondo a todos. Façam o mesmo; vou amar.

6.6.06

Linguagem coloquial

Meu amigo lindíssimo, o Beto, fez um comentário comigo sobre outro trabalho que estou desenvolvendo e que ele achou importante eu fazer uma determinada colocação em algum momento.Vou fazer esta colocação aqui também. Gostaria de deixar claro que minha linguagem é coloquial, simples, sem rebuscamentos. Acho mais gostoso, dá mais leveza tanto no escrever como no ler. Gosto de escrever assim, como se estivesse falando, sem parar muito para pensar, meu jeito no dia-a-dia. Se eu parar, a idéia me ultrapassa e eu não consigo mais alcancá-la. Apesar deste descompromisso, procuro não cometer erros crassos. Não escrevo para pensarem que estão diante da “top” em letras, não tenho a pretensão de ser “a” literata. Escrevo porque gosto de escrever.
Se for me aprofundar, usar palavras requintadas, frases metafóricas, podem ter a certeza de que perderei minha espontaneidade, estarei deixando de ser eu mesma. Deixo esta profundidade para outros momentos. Não me sinto desrespeitando minha língua, não me sinto desrespeitando quem está lendo. É isso.

3.6.06

Beliscão na gengiva

Época de ir ao dentista! Época de martírio! Para mim é um caso muito sério, principalmente porque não tenho um dentista fixo, ou melhor, não tinha. Para entenderem preciso fazer uma observação. Nosso primeiro dentista, quando chegamos em Recife, tinha como hobby pilotar aviões. Adorava um manche. Acho que quando ele pegava na broca, se via com a mão no manche na hora da aterrisagem. Era dramático! Voltando... quando vai chegando a época da revisão anual, vou perguntando para um e para outro: você tem algum dentista bom para me indicar? Já perdi as contas de quantas mãos já entraram na minha boca. A última dentista que tive quase tropeçou e caiu em cima de mim tentando arrumar um melhor posicionsamento para mexer na minha boca. Tenho testemunhas! Bom, lá fui eu novamente para uma nova indicação. Logo de cara descobri que ele trabalhou junto com minha cunhada durante 10 anos. Ótima referência. Já comecei a soltar a respiração. Como a primeira consulta era só avaliação teria tempo de conversar com a cunhada para saber realmente que tal era o mocinho. Foi o que fiz e escutei: excelente profissional. Respirei de vez, afinal de contas eram muitos traumas. Lá fui eu confiante à primeira consulta de fato. Sentei na cadeira, e fiquei invocada pois ele disse: vou dar um beliscãozinho na gengiva, rapidinho, não vai doer nada. Era a tal da anestesia. Não registrei direito o que ele tinha falado, estava me sentindo totalmente abandonada na mão de um carrasco. Mesmo respirando, meus traumas continuavam. Que raio de beliscão que doeu até o fio do cabelo, mas dali em diante não senti mais nada. De noite na cama, fiquei pensando no raio do beliscão. Como é possível dar um beliscão na gengiva? Tentei dar um beliscão na minha gengiva. Que situação! Mas esta questão me deixou descontraída para a consulta seguinte. O beliscão dói para caramba, mas é a única coisa que sinto e, pela primeira vez, nunca tive necessidade de nenhum medicamento pós-anestesia. Achei uma mão de anjo. Imaginem uma cinqüentona escutando: não vai doer nada, é só um beliscãozinho na gengiva! Pode parecer ridículo, mas a psicologia dele funcionou comigo. Não abro mais mão do beliscão da gengiva. Se quiserem uma dica....